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Pátria Ideal e Utopia

  • Eduardo Nunes da Silva
  • 8 de set. de 2016
  • 3 min de leitura

A edificação da pátria ideal não é a proposição de uma sociedade utópica em que haja opulência absoluta e sem diferenças entre indivíduos e sem classes sociais. Quando falamos de pátria ideal, não estamos falando de um modelo de sociedade, mas de um ideal espiritual. O professor Seicho Taniguchi diz que “Todos os jovens anseiam por uma pátria ideal. E, por outro lado, estão cônscios de que, na realidade, não se manifestou esse mundo ideal sonhado por eles[1]”. E continua o professor: “O que anima verdadeiramente os homens e desperta a capacidade infinita são exatamente sonhos como este, o de participar na edificação de uma pátria ideal”.

No atual estágio da humanidade, uma sociedade sem classes sociais e com equilíbrio absoluto entre todos os indivíduos jamais vai existir. Isto não deve desanimar os jovens e não devemos desistir do sonho de edificar a pátria ideal. No seu sentido mais profundo, ideal é o Verbo Divino, é a ideia primordial de Deus e é o próprio Deus. Não existe um modelo fixo de sociedade que possa ser a “pátria ideal”, da mesma forma que não existe uma expressão fenomênica que corresponda à perfeição de Deus.

O socialismo é que acena com a proposição de sociedades utópicas, mas a História demonstrou que, não só jamais se aproximaram da realização de sociedades perfeitas como, pelo contrário, impuseram sistemas ainda mais opressores do que aqueles aos quais se opuseram. No mundo atual os países que mais se aproximam de sociedades perfeitas, do ponto de vista material, talvez sejam as nações escandinavas como a Suécia, Finlândia e Dinamarca, mas justamente nesses países os índices de suicídio são altíssimos. Isto é, países com excelente qualidade de vida, distribuição de renda equilibrada e serviços públicos de alta qualidade não são garantida de que a população, como um todo, viva feliz.

Uma nação tem, ao menos em seu estado latente, a capacidade de proporcionar coragem, força e esperança a todos os homens. Por isso, não podemos deixar de nos sentir imensamente gratos a ela. Há quem defina o Estado como uma organização de poder que domina o povo. Mas essa é apenas a sua aparência externa. Não nos esqueçamos de que um país (governo) tem, como essência, o poder de ajudar os homens a exteriorizar a natureza divina que possuem dentro de si.

(TANIGUCHI, Seicho. A Mente É Força Criadora. 20ª.ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2008. p.93)

Em meu tempo de estudante tomei contatado com as teorias marxistas, apresentadas de modo sedutor pelos professores, mas a conta não fechava, pois desde os treze anos sempre li muito as livros da Seicho-No-Ie. O mestre Masaharu Taniguchi nos diz com clareza que tanto o capitalismo como o socialismo são frutos da mesma árvore, chamada materialismo, portanto, tanto um sistema quanto o outro se baseiam na busca da felicidade através da matéria. Desta forma, já que a Seicho-No-Ie criticava as distorções capitalistas, ao mesmo tempo em que se opunha ao socialismo, eu achava que em algum momento o mestre Masaharu Taniguchi iria propor algum modelo de sociedade que não fosse nem capitalista, nem socialista, mas hoje sei que esse modelo não existe e a Seicho-No-Ie jamais se propôs a apresentar nenhum modelo de sociedade utópica.

O professor Seicho Taniguchi pede aos jovens que desfaçam o feitiço do materialismo e ensina:

“Novos caminhos são desbravados somente através de uma mente nova. Essa mente nova deverá desatar as algemas das ideologias materialistas e das antiquadas. Será que podemos acreditar na teoria materialista que nos foi ensinada, sem nenhum espírito crítico?[2]”.

Fundamentalmente o materialismo baseia-se na tese de que a origem de toda existência é a matéria. Quando falamos em materialismo, talvez venha à mente do leitor a imagem de pessoas que, tresloucadamente, buscam a obtenção de posses materiais, obtenção de recursos financeiros e grande poder econômico, com a vida pautada pelos interesses egoísticos. Esta visão está correta, mas aí há uma armadilha, pois o materialismo também se apresenta travestido de altruísmo, de busca de justiça social e amor às classes menos favorecidas e às minorias e prega que a humanidade será feliz quando houver melhor distribuição da matéria. Do materialismo não nasce a justiça ou a felicidade e não é possível haver respeito à vida humana com base nele. Gostaria que, principalmente os jovens, refletissem sobre isto.

[1] TANIGUCHI, Seicho. A Mente É Força Criadora. 20ª.ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2008. p.93

[2] TANIGUCHI, Seicho. A Mente É Força Criadora. 20ª.ed. São Paulo: Seicho-No-Ie do Brasil, 2008. p.83.

 
 
 

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