Por que não ocorre a grande evolução da educação?
- Eduardo Nunes da Silva
- 27 de jul. de 2017
- 3 min de leitura

O mestre Masaharu Taniguchi nos ensina que educação não consiste em acumular conhecimentos de fora para dentro, mas sim em ajudar alguém a desenvolver seus dotes próprios, naturais, e que ensinar consiste em “tirar de dentro” e desenvolver a potencialidade infinita que se aloja no indivíduo. Isso é muito mais do que uma questão metodológica, mas requer uma mudança profunda na forma de ver e conceituar o próprio ser humano.
De certa forma, teóricos da educação têm avançado no sentido de criar mecanismos para que os educadores possam extrair os dotes interiores dos educandos, mas, em contrapartida, não vemos nenhuma grande revolução na educação, mesmo em países desenvolvidos e com sistema educacional bem estruturado. A educadora Gisele S. Lira Resende, no ensaio Uma Reflexão Crítica sobre a Educação Brasileira (Panorâmica Multidisciplinar, Revista do Núcleo de Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Mato Grosso/Instituto Universitário do Araguaia. Cuiabá: Universidade Federal do Mato Grosso, n.8. p.217-220, 207) diz: “É possível observar que os cursos de formação continuada, bem como os estudos reflexivos realizados nas escolas, pregam a necessidade de mudanças em relação ao modelo atual. Entretanto, a prática pedagógica permanece estagnada”. Parece que, apesar de sua vontade, os professores e educadores em geral se veem curvados pelo peso da gigantesca tarefa de substituir os velhos modelos e práticas educacionais por novos.
Prossegue a educadora Rezende: “Há muito estudiosos, como Vygotsky, Wallon, Piaget, Freire entre tantos outros, já insistiam na singular importância de que ao aprendiz cabe construir seu conhecimento por meio de suas vivências, da interatividade, de suas descobertas, do enfrentamento das incertezas, de sua criatividade e criticidade” (Idem). Com alegria vemos que ela, assim como os estudiosos citados, reconhecem grandes potenciais no interior dos educandos. Por outro lado, ela afirma que o modelo educacional que temos “privilegia a memorização, que incentiva a leitura linear do mundo, não dando direito ao aprendente de formular seus próprios conceitos”.
Apesar de o referencial teórico, de certa forma, nos oferecer algumas perspectivas novas, os educadores, de maneira geral, não vêm sendo capazes de liberar os incríveis potenciais dos educandos, pois permanecem tolhidos pelos velhos métodos e conceitos. Se a própria pedagogia contemporânea nos abre perspectivas aparentemente promissoras, por que, afinal, não vemos mudanças significativas no campo da educação?
Mais à frente, Rezende pergunta: “Será que não está na hora de lançar um olhar sobre a educação de quem educa?” (Idem). Nesse particular, a revolucionária Educação da Vida, proposta pela Seicho-No-Ie, deve dar sua contribuição, para que os educadores possam revelar seu talento natural e, a partir daí, obterem resultados expressivos em sala de aula.
Em um primeiro momento pode parecer que a simples proposição de extrair do interior torna as teorias existentes iguais ou bastante semelhantes à Educação da Vida, proposta pela Seicho-No-Ie, mas no prefácio do volume 14 (7ed., 2016. pp.7-8), da coleção A Verdade da Vida o mestre Masaharu Taniguchi diz que “Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão importou dos Estados Unidos, juntamente com a ‘democracia americana’, a ‘educação que extrai a capacidade do interior’, que consiste basicamente em exercitar os alunos a raciocinarem por si mesmos e a criticarem severamente o seu lar e a sociedade”. Mais a frente, no mesmo prefácio, o mestre Masaharu Taniguchi prossegue: “Porém falta nessa educação democrática algo muito importante. A falha é que não passa de um método ou técnica educacional, e faltando-lhe a compreensão do que seja a essência do homem em si”.
A verdadeira educação não deve se perder em técnicas e métodos, mas deve ter uma fundamentação filosófica sólida. Enquanto considerar o homem como mero corpo carnal, não faz sentido pensar em extrair o potencial interior.
A verdadeira revolução na educação só ocorre quando o educador descobre o seu próprio potencial a partir da conscientização de que ele próprio é filho de Deus. Aí, então, flui naturalmente a verdadeira Sabedoria. Os educadores são, de maneira geral, pessoas inteligentes e cultas, mas o professor Masaharu Taniguchi diz em O Livro dos Jovens (33ed., 2013. p.254), que “Por mais talentoso que seja um homem, se o seu talento está dentro dos limites da sua ‘pequena inteligência humana’, cedo ou tarde ele acabará fracassando. [...] A verdadeira sabedoria é uma sabedoria infinita que normalmente se parece com a água calma, porém, nas horas certas e nos momentos oportunos começa a fluir abundantemente”.
O estudo da Seicho-No-Ie oferece ao educador e a todas as pessoas o acesso à Sabedoria transcendente, que está dentro de todos nós. Chegamos a ela por meio de algo que, em linguagem religiosa, chamamos renascimento. O verdadeiro renascimento é a renovação da consciência; é conscientizarmo-nos de que somos filhos de Deus, possuidores de capacidade infinita. Somente por meio do despertar espiritual será possível a revolução na educação.
Comments