No momento de maior dificuldade devemos nos alegrar
- Eduardo Nunes da Silva
- 10 de abr. de 2020
- 2 min de leitura

Conta a mitologia japonesa que o irmão de Amaterasu, o deus da tempestade, Susanoo-no-mikoto, havia vandalizado seus edifícios sagrados e brutalmente matou uma de suas donzelas, devido a uma briga entre eles. Por sua vez, Amaterasu ficou com medo de sua ira e se retirou para a Caverna da Rocha Celestial, Amano-Iwato. O mundo, sem a iluminação do Sol, tornou-se escuro e os deuses não poderiam atrair Amaterasu de seu esconderijo. Aqui há sabedoria e este trecho do Kojiki (antiga narrativa da mitologia do Japão) diz de forma alegórica que quando a mente da humanidade se torna egoística e agressiva o mundo mergulha em trevas, isto é, surgem guerras, catástrofes, epidemias etc.
Prosseguindo a mitologia conta que a deusa Uzume inteligentemente acendeu uma fogueira e virou uma banheira perto da entrada da caverna e começou uma dança sobre ela, bailando desnuda na frente das outras divindades. Eles consideraram esta situação como tão cômica que riram bastante com a visão. Cantando ao ritmo da dança e marcando o compasso com palmas, os deuses fizeram uma grande festa.
Amaterasu ouviu, e olhou para fora para ver porque todo aquele alarido. Quando abriu a caverna, viu seu reflexo em um espelho glorioso que Uzume havia colocado em uma árvore. Naquele momento o deus Ameno-no-Tajikarawo-no-mikoto agarrou a rocha que servia de porta e escancarou a caverna. Outro deus passou uma corda mágica shirujume através de Amaterasu e a trouxeram de volta ao centro do Universo. Assim a luz foi restaurada na Terra.
Esta é uma preciosa lição dada pelos deuses. Em Gênesis (3:8-10) conta-se:
E tendo ouvido o a voz do Senhor Deus, que passeava pelo paraíso, à hora da brisa, depois do meio-dia. Adão e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus no meio das árvores do paraíso. E o Senhor Deus chamou por Adão e disse-lhe. Onde estás e ele respondeu: Ouvi a tua voz no paraíso e tive medo, porque estava nu, e escondi-me.
O mestre Masaharu Taniguchi ensina que “Estar ‘nu’ ou ser natural, quando visto por sábios olhos que veem a Imagem Verdadeira, jamais é desprezível, vendo-se o conteúdo do homem, vê-se que nele está brilhando a Imagem Verdadeira de filho de Deus. Dentro da ‘nudez’ encontra-se armazenada a riqueza inesgotável”. O fato de Uzume-no-mikoto dançar desnuda representa despir-se do ego e voltar a ter coração de criança. No momento de total escuridão os deuses, diante da dança da deusa Uzume, riem e cantam, ensinando à humanidade que no momento de maior dificuldade é que devemos nos alegrar, orar com otimismo, louvarmos nossos semelhantes e festejarmos a glória de sermos filhos de Deus.
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